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Ordem, Progresso e Massacre
Em Brasilia,
Brasil
    CONDIÇÕES DE TRABALHO | BARBÁRIE
    Trabalhar para viver morrendo
    Ordem, Progresso e Massacre 
    O Brasil que dá vergonha
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    Foto: Gerardo Iglesias
    Ao sair do aeroporto de Brasília, enquanto aguardava um táxi, um grande cartaz com o texto chocante chamou a minha atenção: “Acidentes de trabalho. Mais de 700 mil vítimas por ano”. Ao ler essa informação, aterrissamos no país real. É a mensagem de boas-vindas de uma parte do mundo onde trabalho e massacre estão intimamente ligados.
    O Brasil, a sexta economia mundial, é o país das transnacionais Made in Brasil, é o país dos empresários e executivos bem sucedidos, e esse Brasil “de sucesso” esconde um cotidiano marcado pela dor, pela morte e pela mutilação de milhares de trabalhadores e trabalhadoras.
     
    Mais de 700 mil vítimas por ano, isto equivale a 1.918 acidentes por dia, uns 80 por hora, o que para o Estado representa um gasto de aproximadamente 7 bilhões de reais – uns 3 bilhões de dólares – anualmente.  
     
    Outro dado escandaloso é que o Brasil ocupa o quarto lugar do mundo em acidentes de trabalho fatais, perdendo apenas para a China, a Índia e a Indonésia.
     
    De acordo com os registros do Ministério da Previdência, em 2012 morreram 3 mil trabalhadores e aproximadamente 15 mil ficaram permanentemente incapacitados.  
     
    No Setor Bebidas
    É tanto o lucro como a tragédia...
     
    O setor emprega atualmente 144 mil trabalhadores. São Paulo encabeça o ranking com 33 mil, seguido pelo Rio de Janeiro, 15 mil, e por Pernambuco com 11 mil.
     
    Uma recente pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA), com dados do Ministério da Previdência, denuncia que entre 2010 e 2012 foram registrados na indústria das bebidas 16.848 acidentes e 42 mortes. A maioria dos acidentes aconteceu durante a produção de refrigerantes e cervejas.   
     
    Há poucos dias, foi anunciada uma possível fusão entre a AB-InBev e a SAB-Miller, uma operação que, de acordo com o banco de investimento Credit Suisse, giraria em torno de 71 bilhões de dólares. 
     
    Já sabemos que estas fusões rapidamente se traduzem no fechamento de fábricas, na concentração da produção e na intensificação da produtividade. Maior ritmo de trabalho significa maiores riscos de acidentes de trabalho.
     
    Na guerra das transnacionais de bebidas por maiores fatias do mercado global e pela redução nos custos, as empresas protegem o seu lucro, e os trabalhadores fornecem os feridos e os mortos.  

      

    Rel-UITA
    4 de abril de 2014

    Tradução de Luciana Gaffrée

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