A conta da crise
não pode ser do trabalhador
No mês de junho passado foram eliminados 32 postos de trabalho no município de Limeira, segundo dados do CAGED
Foto: STIAL
No país, tivemos o pior junho em 16 anos, com a geração de apenas 25 mil vagas. Em Limeira, foi o pior momento desde 2009, ano posterior a uma das maiores crises da história mundial. Junho deste ano culminou com a destruição de 32 postos de trabalho no município.
Pior foi na indústria local – tivemos o nosso pior junho em 11 anos, com 285 vagas perdidas no setor. A estagnação econômica que já dominava os números oficiais sobre o PIB chegou finalmente às portas do trabalhador, com a redução das contratações e aumento das demissões.
O clima ficou pesado, e deveria exigir uma atenção redobrada do governo, bem como dos empresários. Como é tradicional ocorrer, isto parece não estar acontecendo, e a conta pode cair no colo no trabalhador.
Em julho, nas discussões sobre a taxa SELIC, que rege os juros básicos da economia, a equipe econômica do governo insistiu em manter o índice em 11%, recusando uma redução. Com isto, prosseguia na sua pouco criativa tática de manter a inflação sob controle, por meio de astronômicas taxas de juros, impeditivas do crescimento.
Os empresários, por sua vez, pareceram descontar a raiva tanto destas altas taxas como da pesada carga tributária, além da desvantagem cambial que não encontra suporte algum do governo federal, nos trabalhadores. Foram iniciadas demissões em massa.
No setor metalúrgico, o processo já assusta. Na categoria da Alimentação, temos observado o início de uma onda de demissões, mas da mesma maneira que o sindicato dos metalúrgicos, já começamos um embate neste sentido.
O discurso é um só: os trabalhadores não podem ser penalizados pela crise, pois são o único elemento que não contribui em nada com ela. Da mesma forma, não podem ser penalizados pelos desmandos da equipe econômica do governo, pois pagam seus impostos em dia e não têm acento para conversar diretamente com a presidente Dilma Rousseff. Estamos falando de famílias inteiras que podem ser prejudicadas com demissões.
O trabalho nas empresas tem sido feito no sentido de pressionar contra as demissões, e não aceitar qualquer argumento para a dispensa em massa. Não é hora para isto, e fazê-lo seria um golpe desleal naqueles que mais contribuem para os lucros do empresariado – a sua força de trabalho.
Que o governo encontre seu rumo, e o patrão ache alternativas para vivenciar o momento sinistro. Da parte dos sindicatos, e da União Sindical, lutaremos para que nenhuma família seja prejudicada neste período.