Carne e Osso, produzido pela ONG Repórter Brasil, ganhou outro reconhecimento: o prêmio Vladimir Herzog
O documentário como ferramenta de luta
Novo prêmio para “Carne e Osso”
Carne e Osso, produzido pela ONG Repórter Brasil, ganhou outro reconhecimento: o prêmio Vladimir Herzog
O trabalho, realizado por Caio Cavechini e por Carlos Juliano Barros em 2011, foi uma das ferramentas de denúncia que a Rel-UITA e a CONTAC utilizaram na última etapa da campanha pela aprovação da Norma Regulamentadora 36 (NR 36) sobre segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e seus derivados.
O 35º prêmio de jornalismo Vladimir Herzog da Anistia e Direitos Humanos recebido pelo filme Carne e Osso, na categoria documentário de TV, une-se a outros prêmios colhidos pelo documentário desde o seu lançamento em 2011.
Carne e Osso retrata o árduo dia a dia de trabalhadores e trabalhadoras dos frigoríficos do sul e do centro-oeste do Brasil, as penosas condições de trabalho e o ritmo frenético que levaram a que o setor contasse com uma legião de trabalhadores doentes e/ou mutilados.
O documentário intercala imagens impactantes com depoimentos de trabalhadores e ex-trabalhadores vítimas das exigências de uma indústria que, em poucos anos, duplicou sua produção e o seu lucro à custa da saúde dos seus operários.
Uma triste realidade que deve ser encarada com responsabilidade e seriedade pelo setor privado, sociedade civil e poderes públicos.
Com relação à sua contribuição na luta dos trabalhadores do setor, Carlos Juliano Barros declarou, ao ser notificado do prêmio Vladimir Herzog: “Sinto um enorme orgulho por ter realizado este trabalho que ajudou a tornar públicos estes problemas e que foi também uma forma de pressão para que empresas e governo aceitem uma antiga reivindicação dos trabalhadores do setor, que é a Norma Regulamentadora 36”.
“Espero que o avanço, que significou a aprovação da NR 36 para melhorar as condições de trabalho, se transforme em realidade”, acrescentou.
A NR 36 foi homologada em abril deste ano e dispõe, entre outras medidas, o estabelecimento de pausas no trabalho.
A norma, que contém 16 itens e 217 subitens que regulamentam as condições de trabalho nos frigoríficos brasileiros, é fruto de um longo e minucioso trabalho em conjunto entre a CONTAC e a Rel-UITA.