NESTLÉ DOMINICANA

Nestlé Dominicana inicia represálias

Transnacional suíça responde às reivindicações dos trabalhadores com demissões

Com Rafael Serrano
Nestlé Dominicana inicia represálias
Transnacional suíça responde às reivindicações dos trabalhadores com demissões
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Foto: Giorgio Trucchi
Ontem, quarta-feira (21), a Nestlé Dominicana decidiu cancelar o contrato de trabalho de Luis Meregildo, ex-secretário da Central de Reclamações e Conflitos do Sintranestlesf e atual presidente de vigilância da Cooperativa dos Trabalhadores. Para os sindicatos da Nestlé, essas demissões são uma represália da empresa diante das reivindicações feitas pelos trabalhadores.
Há algumas semanas o Sindicato dos Trabalhadores da Nestlé de San Francisco de Macorís (Sintranestlesf) e o Sindicato dos Trabalhadores da Nestlé de San Cristóbal (Sitranestlé-San Cristóbal) vêm denunciando a Nestlé Dominicana SA por se negar a pagar a PLR aos seus trabalhadores, como estabelece o artigo 223 da legislação trabalhista dominicana.
 
A transnacional, que alega ter finalizado o ano fiscal de 2013 no vermelho, propôs compensar a perda dessa bonificação com a concessão de empréstimos sem juros aos trabalhadores. Esta solução foi categoricamente rejeitada pelos dois sindicatos.
 
A falta de disposição para o diálogo, demonstrada pela empresa, obrigou as organizações sindicais a exigir que a Nestlé Dominicana entregasse os livros de contabilidade, como estabelece o Código do Trabalho do país.
 
“Esta represália contra o companheiro Luis Meregildo não é mais do que a resposta agressiva da patronal às exigências feitas pelos trabalhadores”, disse a A Rel, Rafael Serrano, ex-secretário geral e atual secretário de Educação Operária do Sintranestlesf.
 
Segundo ele, Meregildo na quarta-feira (21) sofreu assédio moral, sendo perseguido o dia inteiro por um de seus supervisores. Finalmente, a empresa decidiu “desconsiderá-lo” (*) alegando um suposto “desacato” ao seu supervisor.
 
É totalmente irregular o que estão fazendo. Isto demonstra que se trata de um plano para nos agredir e uma provocação por parte da empresa”, afirmou Serrano.
 
Diante desta situação, os dois sindicatos decidiram se mobilizar conjuntamente e protestar em frente às duas fábricas da Nestlé na República Dominicana.
 
“Foram mobilizações de multidões em defesa de nossos direitos e em apoio ao companheiro demitido sem justa causa. Exigimos que nos paguem as bonificações e que devolvam ao nosso companheiro o seu emprego”, sentenciou o dirigente sindical.
 
Nas próximas horas, os dois sindicatos se reunirão com as outras organizações sindicais, sociais e populares, para avaliar a magnitude do conflito que se desencadeou na Nestlé, bem como para coordenar futuras ações.
 
“Os dois sindicatos da Nestlé Dominicana vão trabalhar de maneira conjunta, com reuniões permanentes.
 
Contamos com o apoio inabalável da UITA e da Felatran, e aproveitamos para pedir que permaneçam especialmente atentas nestes próximos dias, aguardando o que possa vir a acontecer”, concluiu Serrano.