PHILIP MORRIS

Philip Morris: prejudicial para o emprego

A transnacional de tabaco despede mais de 300 trabalhadores em Santa Cruz do Sul

Com Sergio Pacheco
Philip Morris: prejudicial para o emprego
A transnacional de tabaco despede mais de 300 trabalhadores em Santa Cruz do Sul
20140210 philip morris brasil-POR
Foto: Gerardo Iglesias
A Rel dialogou com Sergio Pacheco, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação (STIFA) para conhecer a situação que levou à demissão de 334 trabalhadores da cidade de Santa Cruz do Sul.
-Qual é a situação dos trabalhadores do setor do fumo?
-Há neste momento 334 trabalhadores despedidos. Em 2009, a Philip Morris pediu a ajuda do nosso Sindicato e da nossa federação (FENTIFUMO), para solicitar ao governo, incentivos econômicos com o objetivo de construir uma nova fábrica industrial de cigarros em Santa Cruz do Sul.
Tanto o Sindicato como a Federação deram o seu apoio para a companhia conseguir o dinheiro e assim poder fazer a obra.  
Em novembro de 2012, a diretoria da transnacional passou a ser outra, e atualmente o presidente para o Brasil é Wagner Erne e o gerente de operações para o Rio Grande do Sul é Farley Weigel. Desde então, Farley desconhece sistematicamente todos os acordos feitos entre a empresa e o Sindicado.
Até trabalhadores doentes foram demitidos
 
Farley já começou a sua gerência demitindo trabalhadores, e continuou com a mesma prática todos os meses. Em janeiro de 2014 a cifra já era de 334 trabalhadores despedidos.
Este senhor não considerou nem mesmo o fato de haver trabalhadores doentes. Para estes, Farley enviou um telegrama de demissão, já que eram trabalhadores que se encontravam em licença por doença. Também desconsiderou os dirigentes sindicais, já tendo despedido quatro, o que está sendo analisado pela Justiça do Trabalho, entre outros tantos abusos.
-Quais os argumentos que o senhor Farley apresenta para justificar suas atitudes?
-Simplesmente alega que essa é a sua forma de administrar a empresa. Um exemplo: este gerente despede um funcionário com antiga trajetória na companhia e, portanto com um salário mais alto e promove outro de categoria inferior a quem não paga a mesma quantia. Ao mesmo tempo, contrata um novo trabalhador para o posto vago correspondente à pessoa promovida, entretanto pagando bem menos, geralmente a metade do salário anterior.
Um ano em Santa Cruz, imagine se fosse mais!
 
Diante de nossas reivindicações, Farley dispara dizendo que faz apenas um ano que está na gerência da Philip Morris de Santa Cruz, que não conhece ninguém na cidade e que não tem obrigações com ninguém.
 
Diante desta postura, a organização sindical lembra a este senhor ter sim obrigações com a comunidade e com os convênios assinados pela empresa.  
 
-Vocês entraram em contato com a Direção Geral da Companhia?
-A Direção Geral tem se mantido à margem desta situação, o que nos leva a supor que apoiam as atitudes de seu gerente de operações para o Rio Grande do Sul.  
 
-Quais as medidas tomadas até agora pelo Sindicato?
-Em 6 de fevereiro estive na capital do estado, Porto Alegre, na Federação de Trabalhadores da Alimentação (FTIA-RS) para solicitar formalmente o apoio dos 42 sindicatos da Alimentação do Rio Grande do Sul diante de um eventual conflito maior.
 
Na segunda-feira agora, irei à Brasília, onde manterei uma reunião com Artur Bueno de Camargo, presidente da CNTA para analisar as estratégias que seguiremos diante dessa escandalosa situação.
 
Por outro lado, também estamos solicitando a intervenção da Rel-UITA com a direção geral da companhia e com os sindicatos fraternos para que nos ajudem a corrigir esta realidade que a comunidade se vê obrigada a enfrentar, cujos trabalhadores depositaram nesta fábrica de tabaco uma das principais fontes de emprego.  
 
Cabe destacar que a Philip Morris construiu esta unidade fabril graças ao financiamento do estado, com dinheiro público vinculado ao compromisso de gerar postos de trabalho para a região, e isto é o mais revoltante.