Com Alessandra Da Costa Lunas, eleita secretária de Mulheres Trabalhadoras da CONTAG
“Asumo meu novo cargo como um enorme desafio”
Uma das decisões mais debatidas e, finalmente, aprovada com uma grande margem, durante o 11º Congresso da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), foi a da efetiva igualdade de gênero na Direção e nos órgãos deliberativos desta organização. Alessandra Da Costa Lunas, eleita secretária de Mulheres Trabalhadoras da CONTAG e membro do Comitê Latino-americano da UITA, compartilhou com a Rel suas impressões e aspirações nesta nova secretaria.
-Como você avalia este XI Congresso?
-Foi um congresso onde se destacaram a preparação, a participação e o compromisso da base da nossa organização, o que permitiu a análise, a discussão e a aprovação de nosso plano de luta para os próximos quatro anos.
Cada sindicato filiado (cerca de 4.000) aprofundou o estudo do documento, colaborou com suas ideias e propostas e escolheu seus delegados para o congresso. Essa riqueza de participação, a partir da base, nos permite analisar a fundo a conjuntura atual, fixar nossos objetivos e desafios, e projetar a CONTAG na direção do futuro.
-Um dos momentos mais fortes foi quando o congresso votou a questão da paridade de gênero na composição da direção da CONTAG…
-Esse foi um processo longo que vem desde o primeiro congresso da CONTAG e que hoje representa um avanço político importantíssimo em nossa organização.
É também uma mostra da grande maturidade que a CONTAG vem adquirindo, ao reconhecer a contribuição e a importância das mulheres rurais dentro do movimento sindical. Agora, o verdadeiro desafio é conseguir traduzir na prática o que aprovamos no congresso.
-Outro momento de destaque se configurou com o do relançamento da campanha Latino-Americana da UITA e da CONTAG contra a Violência no Campo…
-Em primeiro lugar devo lhe dizer que o Seminário Internacional contra a Violência no Campo, que realizamos antes da instalação do congresso, foi uma atividade muito enriquecedora, que proporcionou muitos insumos e ampliou a visão de muitos delegados e delegadas sobre a magnitude desse flagelo em nossa região.
Também foi de enorme importância o enfoque sobre a violência e suas mais diferentes expressões: assassinatos de dirigentes e de ativistas sindicais, de ambientalistas e de defensores dos direitos humanos, ameaças de morte, o trabalho escravo, assim como as graves condições de exploração e de precarização do trabalho que acontecem aqui no Brasil e na Colômbia, por citar só dois países.
O relançamento da campanha é uma necessidade e fala de nosso compromisso com a luta travada por centenas de organizações na América Latina.
-As Nações Unidas proclamaram 2014 como o Ano InternacionaldaAgricultura Familiar. Mais trabalho para a CONTAG?
-É uma questão prioritária que abrange muitos aspectos. Esperamos poder colocá-la na agenda dos governos do mundo, mais ainda porque há muita mobilização para a criação na América Latina dos Comitês Nacionais da Agricultura Familiar.
Estes comitês terão a responsabilidade de organizar a agenda de cada país sobre essa questão, assim como de impulsionar a discussão sobre a agricultura familiar nas diferentes instâncias regionais como, por exemplo, o MERCOSUL, a UNASUL e a CELAC.
-A partir de abril você terá uma nova responsabilidade: a Secretaria de Mulheres Trabalhadoras da CONTAG…
-É uma grande responsabilidade e assumo esse novo cargo como um grande desafio para continuar avançando na organização e no empoderamento das mulheres do campo.
Também é uma das tantas formas de luta para garantir melhores condições de trabalho e de vida para as mulheres.
Além disso, já há uma dimensão internacional, com ligações profundas entre as organizações que lutam e se mobilizam contra a violência e a invisibilidade sofridas pelas mulheres. Será sem dúvida um grande desafio.
Foto: Gerardo Iglesias