A Nestlé, a FIFA, e o Trabalho Decente?
Com Carlos Pereira Cerqueira
Conflito na Nestlé de Itabuna
A Nestlé, a FIFA, e o Trabalho Decente?
Foto: Gerardo Iglesias.
A transnacional se nega a oferecer um aumento salarial aos seus trabalhadores ao mesmo tempo em que gasta milhões em publicidade, patrocinando a Copa do Mundo da Fifa 2014 e a seleção brasileira.
Em diálogo com A Rel, Carlos Pereira Cerqueira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação da Bahia (SINDIALIMENTAÇÃO) que representa os trabalhadores da fábrica da Nestlé em Itabuna, manifestou que a empresa está irredutível.
“Estamos negociando desde o início do mês de maio sem conseguir avançar nas cláusulas fundamentais, como a salarial e a que se refere à Participação nos Lucros e Resultados (PLR), o que está estancando a negociação, e que levou o Sindicato a tomar medidas de força, como a paralização das atividades no dia 17 de junho passado”, informou.
A Nestlé se mantém intransigente em relação à sua proposta de aumento salarial e mantém a cifra que pretende pagar pela PLR.
A companhia que gasta milhões de dólares em patrocinar a seleção brasileira de futebol nesta copa nega-se a oferecer aos seus trabalhadores de Itabuna, na Bahia, um reajuste que supere o índice da inflação e um aumento de apenas 5 reais para o ticket alimentação.
“A Nestlé está irredutível em sua proposta de 7,5 por cento de aumento contra os 8 por cento reivindicados pelos trabalhadores e em pagar um ticket alimentação de 15 reais, em vez dos 20 reais pedidos pelos trabalhadores”.
Segundo o dirigente, estes desacordos mais o fato de a companhia oferecer pisos salariais diferenciados para as diferentes fábricas que o Brasil possui, sendo a de Itabuna a que paga pior, são a causa do conflito mantido.
“É este desacordo que levou a um impasse nas negociações que esperamos se solucione na reunião que manteremos com a gerência da Nestlé amanhã, dia 26 de junho, na cidade de Ilhéus.
Se a empresa não melhorar a sua proposta, serão intensificadas as medidas de luta”, enfatizou Cerquiera.
A unidade fabril da transnacional em Itabuna, no estado da Bahia, emprega 350 trabalhadores e produz leite em pó e chocolate em pó. Toda a produção está destinada ao mercado brasileiro.
Foto: SINDIALIMENTAÇÃO-BA.