Superado conflito em São Paulo
Com Melquíades de Araújo
Doce conquista
Superado conflito em São Paulo
Trabalhadores da fábrica da ARCOR, em Bragança Paulista, conquistaram a equiparação de salários e de benefícios com um acordo que evitou a greve programada para a segunda-feira passada.
Em diálogo com A Rel, Melquíades de Araújo, presidente da Federação de Trabalhadores da Indústria da Alimentação de São Paulo (FETIASP) informou que, após cinco meses de negociação, finalmente no dia 31 de outubro passado chegaram a um acordo que deu fim à situação conflituosa que por pouco não termina em greve.
“Esta negociação começou há cinco meses, depois de a empresa alterar unilateralmente os horários de saída e de entrada na fábrica de Bragança Paulista, um fato que gerou um descontentamento geral entre os trabalhadores da unidade”, relatou Melquíades.
“Estes companheiros estavam realizando jornadas de 8,5 horas e descansando apenas 30 minutos, quando, por lei no Brasil, o descanso por jornada de trabalho é de uma hora. Além disso, os trabalhadores do turno da noite começaram a trabalhar todos os domingos do mês”, acrescentou.
Estas medidas da companhia, somadas às diferenças salariais e de benefícios em comparação com as outras unidades fabris da ARCOR em São Paulo, fizeram com que os trabalhadores começassem a pensar em uma paralisação de atividades.
“Diante desta situação, a Federação foi convocada pelo Sindicato e agiu como mediadora na negociação. Nós, então, solicitamos a intervenção da Secretaria Regional da UITA e de Héctor Morcillo, da Federação dos Trabalhadores da Alimentação da Argentina, para que dessem conhecimento de nosso conflito à sede da empresa», afirmou Melquíades.
«Depois de quatro ou cinco tentativas frustradas, buscando iniciar uma negociação, os trabalhadores votaram pela greve para a segunda-feira, 4 de novembro. Quando a companhia recebeu a notificação da realização da medida de força, convocou para uma negociação no dia 31 de outubro. Após uma árdua e demorada reunião de oito horas, os trabalhadores obtiveram o atendimento da maioria dos pontos reivindicados, incluída a normalização dos horários”, destacou.
Melquíades enfatizou «que entre os ganhos obtidos figura a mudança da data de negociação coletiva. Esta unidade de Bragança Paulista tinha data prevista para o reajuste salarial em fevereiro, sendo que as demais unidades, localizadas em Campinas e Rio das Pedras, negociam coletivamente em setembro, o que significa que, para o próximo ano nesta data, estes trabalhadores terão todos os seus direitos equiparados”, ressaltou.
“Todo este processo de negociação, apesar do tempo em que demorou, foi uma importante conquista para os trabalhadores da ARCOR, já que foi possível romper com a resistência da companhia em oferecer igualdade de condições em suas três fábricas aqui em São Paulo e, por outro lado, fortaleceu o vínculo entre os trabalhadores e o Sindicato e entre este e a FETIASP”, afirmou o dirigente.
O acordo, que envolve 600 trabalhadores e é considerado por Melquíades como altamente positivo, estabelece um aumento salarial de 8 por cento e um aumento no piso salarial de 13 por cento, além de melhorar, consideravelmente, benefícios como a cesta básica e o adicional noturno.
Foto: Gerardo Iglesias